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O que é retinopatia diabética e como evitá-la?

Doença é uma consequência de descontrole de glicemia por parte de diabéticos, e exige acompanhamento médico.

A diabete é caracterizada por um aumento do nível de glicose no sangue, a chamada glicemia, e esse aumento leva a uma série de alterações no corpo, inclusive na região do olho. No caso da retinopatia, o efeito ocorre na retina.

A retina é o tecido neurológico que reveste a superfície mais interna do nosso olho. Ela recebe luz e imagens, as processa e envia para o sistema nervoso central. Por ser um tecido, ela possui vasos sanguíneos, que levam sangue para a região, e é neles que o aumento de glicemia gera problemas.

A longo prazo, o aumento de glicemia gera lesões nos vasos, que se rompem. A retina pode inchar, ou sofrer um enfarte [ocular] quando os vasos vão se fechando. Com isso, ela não consegue projetar a imagem captando e não a envia para o sistema nervoso. Conforme esse efeito progride, a pessoa afetada vai perdendo a qualidade da sua visão aos poucos. Em última caso, a retinopatia diabética leva à cegueira.

O oftalmologista observa que os danos da diabete nos olhos podem ocorrer por anos sem que o paciente perceba, já que muitas vezes não afeta o centro da retina, a máculo, região mais importante para o ato de enxergar. Quando esse centro é atingido, ele começa a inchar, formando o chamado edema macular diabético. “Ele pode acontecer em qualquer estágio [da diabete], e é a principal causa da cegueira”, afirma.

Mas, apesar do edema ser a consequência mais comum da retinopatia, ele não é a única. Sem tratamento, a retinopatia progride, chegando à chamada retinopatia diabética proliferativa. Nesse estágio, os vasos atingidos ficam fora do centro da retina. É comum que haja enfarte na região ou um processo de formação de novos vasos.

A formação dos novos vasos sanguíneos pode levar a sangramentos, quando eles estouram, e isso gera uma baixa visão. Em alguns casos esses novos vasos descolam a retina, ao puxá-la, e isso causa a cegueira.

Tratamento da retinopatia diabética

O edema macular costuma ser diagnosticado cedo, porque o paciente sente seus efeitos rapidamente. Já no caso da retinopatia diabética proliferativa, os sintomas demoram mais para aparecer, e o diagnóstico pode ser mais tardio.

Os casos mais avançados são os mais tardios, e que deixam sequelas maiores. O edema causa baixa visão, mas dependendo do estágio e do controle, é possível evitar uma cegueira e reverter alguns danos.

Já no caso da retinopatia proliferativa, um diagnóstico tardio é mais prejudicial: “o descolamento de retina geralmente não consegue ser revertido”. Em casos leves, o tratamento da retinopatia é clínico, envolvendo o controle dos níveis de glicemia para evitar os efeitos nos olhos e outras partes do corpo.

Em casos mais avançados, quando há dano na visão, o tratamento envolve a aplicação de uma injeção contendo anti-inflamatórios à base de corticóide ou anti angionênicos, que servem para diminuir o edema macular. A aplicação de laser gera “receio” nos pacientes, ocorre apenas em casos mais graves, quando já há um grande dano.

Além de conseguirem estabilizar a retinopatia, os tratamentos de hoje já conseguem reverter os seus efeitos na visão do paciente, desde que os danos não sejam muito graves. 

Importância do diagnóstico precoce

Hoje o grande alvo das campanhas é tentar conscientizar o público para procurar antes os médicos, porque quanto antes tratar, melhor.

Se [o diabético] tem boa visão ou não, deve fazer uma avaliação médica pelo menos anual, tem que orientar e acompanhar para poder fazer um tratamento de forma extensiva para que a doença não progrida.

A gente tem trabalhos mais antigos que mostram que há décadas 46% dos pacientes que tinham diabete não sabiam que tinham. É difícil ter um paciente que se conscientize sobre tratar a diabete, imagina algo específico em relação à retina.

Hoje a estimativa da OMS é que mais de 420 milhões de pessoas no mundo tenham diabete. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil cerca de 8,9% da população possuem a doença, e a tendência é que esses números aumentem.

A tendência é de aumentar pelos hábitos como sedentarismo e de alimentação que estão crescendo. Se tem aumento da diabete, aumenta também a retinopatia. Assim, não basta apenas se preocupar com a saúde dos olhos, mas também garantir o controle da diabete, com acompanhamento médico e se atentando a questões como alimentação, peso e pressão. 

Os tratamentos tanto para diabete quando para retinopatia avançaram muito, mas é necessário que eles sejam procurados cedo pelo paciente: “Quem quer controlar a diabete, hoje, consegue controlar perfeitamente durante muitos e muitos anos, tanto a parte sistêmica quanto a oftalmológica. É possível controlar a progressão da retinopatia diabética e até reverter seus efeitos”.

Fonte: Estadão