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AIDS: Pacientes descobrem-se soropositivos em exames oftalmológicos

No Brasil existem cerca de 600 mil portadores do vírus HIV. Ainda há quem seja surpreendido pelo diagnóstico soropositivo em exames oftalmológicos para o tratamento de uveítes.

Além dos métodos convencionais de identificação do vírus HIV, algumas disfunções do organismo também são indícios da sua presença. Exames oftalmológicos podem detectar a presença do vírus. “Há casos de doenças oculares, como as uveítes, por exemplo, que ocorrem em pacientes com imunidade comprometida (imunodeprimidos). O diagnóstico exige exames específicos para identificar o agente causador”, declara o oftalmologista Victor Saques Neto.

O relatório divulgado pela UNAIDS (Programa das Nações Unidas sobre HVI/AIDS) aponta que um terço de todas as pessoas vivendo com HIV na América Latina mora no Brasil, algo em torno de 600 mil pessoas. Segundo a entidade, para cada pessoa que inicia o tratamento do HIV há duas novas infecções pelo vírus.

Pacientes imunodeprimidos podem apresentar lesões oculares conhecidas como uveítes. A uveíte é um termo genérico para a inflamação de um ou todos os segmentos da úvea, que é composta pela íris (parte mais visível e colorida do olho), corpo ciliar (estrutura vascular do olho que produz o líquido transparente no globo ocular) e coróide (camada de vasos sanguíneos e tecido conjuntivo entre a esclera, parte branca do olho, e a retina). “As uveítes normalmente vêm acompanhadas de dor, vermelhidão, fotofobia e baixa visual”, explica o especialista.

As causas das uveítes podem ser de natureza infecciosa também, além de doenças que comprometem a imunidade do paciente e as autoimunes (como o lúpus, a artrite reumatóide e outras). “No caso dos pacientes com AIDS, o organismo fica imunodeprimido e mais suscetível a lesões oportunistas que podem atingir os olhos. Essas lesões atingem tanto a região da úvea, quanto outras estruturas oculares”, esclarece.

O primeiro passo no diagnóstico da uveíte é a identificação do agente causador da inflamação para a indicação do tratamento adequado, inclusive no caso de pacientes soropositivos. Conforme o médico, “é preciso identificar o que causa a inflamação e apontar o tratamento direcionado para esse agente. O sucesso do tratamento em pacientes portadores do vírus HIV depende do quadro de seu sistema imune e é feito em parceria com um infectologista”.

Sobre o tratamento, o relatório aponta que só no ano passado, mais de 5 milhões de pessoas em países de baixa renda tiveram acesso ao tratamento antiretroviral contra 700 mil em países de alto poder aquisitivo.

Fonte: O Globo