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Baixa Visão ou Visão Subnormal

A baixa visão, também conhecida como visão subnormal, é caracterizada quando há uma perda parcial da visão que não pode ser corrigida com uso de óculos convencionais, lentes de contato e nem mesmo com intervenção cirúrgica.

Considera-se com baixa visão a pessoa que apresenta 20% ou menos do que chamamos visão normal. E ainda que esteja enquadrada dentro do termo “Deficiente Visual” (nível 3 do CID 10) não pode ser confundida com cegueira.  Diferente da cegueira, a pessoa com baixa visão tem uma visão residual e útil que pode ser potencializada com uso dos recursos de tecnologia assistiva.

O acompanhamento com médico especializado em visão subnormal é fundamental para um correto diagnóstico e reabilitação visual de cada situação. A intervenção precoce resulta em expressiva melhora na autonomia, autoestima e qualidade de vida do paciente.

Apesar de ser mais frequente em idosos, a visão subnormal pode acontecer em qualquer idade.

Nas crianças, as causas mais comuns são congênitas como nos casos de coriorretinite macular por toxoplasmose, catarata congênita, glaucoma congênito, atrofia congênita de Leber e outras atrofias ópticas, infecções congênitas adquiridas no período gestacional (zika, toxoplasmose, herpes, sífilis, HIV, dengue, etc), dentre outras. A prematuridade também pode gerar deficiência visual e desencadear visão subnormal.

Doenças como diabetes, descolamento de retina, glaucoma, traumas oculares, toxoplasmose, doenças infecciosas, bem como doenças autoimunes que comprometem a retina e/ou nervo ótico também podem levar ao desenvolvimento de baixa visão.

No caso dos idosos, a degeneração da mácula (envelhecimento da retina) é a principal causa de baixa visão.

Diminuição da visão central

A perda da visão central determina uma mancha escura (escotoma) no centro do campo visual do indivíduo, porém o campo visual periférico é preservado. Existe dificuldade para leitura, reconhecer rostos e distinguir detalhes à distância. Se houver manutenção da visão periférica, a orientação e a mobilidade podem estar intactas.

Alteração da visão periférica

Os indivíduos com perda da visão periférica têm dificuldade de identificar objetos de um dos lados ou ambos os lados do campo visual, ou algo diretamente abaixo e/ou acima do nível dos olhos. O campo visual central pode estar mantido. Normalmente, quando a perda do campo visual periférico é importante, a orientação e a mobilidade são prejudicadas. A leitura pode ser afetada pois a pessoa consegue identificar apenas poucas letras de uma palavra ou frase.

Visão turva (por perda da transparência de estruturas oculares)

Neste caso a visão é afetada para perto e para longe, mesmo com o uso de óculos ou lentes de contato. Isto ocorre em pacientes com cicatrizes ou alterações na córnea, nas distrofias hereditárias da córnea e nas uveítes que podem deixar sequelas na transparência dos meios ópticos.

É comum que mais de uma doença ocular esteja presente no mesmo indivíduo, de forma que as alterações acima podem estar sobrepostas.

Abaixo indicamos outros sintomas comuns às pessoas com baixa visão. Podem variar conforme o perfil da doença que determina a deficiência visual.

  • Alteração da sensibilidade ao contraste
  • Alteração da diferenciação das cores
  • Sensibilidade à luz
  • Cegueira noturna (baixa visão em ambientes pouco iluminados)

A visão subnormal tem tratamento e varia conforme as necessidades de cada paciente. Essas necessidades (e dificuldades) podem mudar ao longo da vida. O acompanhamento com médico especializado em baixa visão ajuda o paciente a desenvolver sua visão útil em qualquer fase.

Os recursos da Tecnologia Assistiva são grandes aliados no tratamento da baixa visão. Ela reúne recursos, produtos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que facilitam a autonomia, independência, funcionalidade, qualidade de vida e inclusão social do paciente.

Apesar disso, em muitos casos o paciente não se aproveita desses recursos. Seja por desconhecimento, por barreira econômica ou por esses recursos marcarem a deficiência (estigma).

O paciente de baixa visão pode ter suas habilidades visuais ampliadas com auxílio de recursos ópticos, não ópticos, eletrônicos e de informática, garantindo assim o acesso às informações necessárias ao desenvolvimento funcional, seja em atividades do dia a dia, mobilidade ou nos processos de ensino e aprendizagem.

 

Recursos Ópticos

Usualmente são lentes ou combinações de lentes de aumento, tanto para visão de longe como para visão de perto.  Não devem ser confundidos com óculos comuns e colaboram principalmente em relação à escrita e leitura.

Óculos de aumento (lentes esféricas ou asféricas, lentes esferoprismáticas  e lentes microscópicas)

Possuem lentes mais fortes que os óculos comuns, especialmente desenvolvidas para o portador de visão subnormal. Exigem que o material de leitura seja segurado bem perto.

Os principais usos são para trabalhos que exigem visão aproximada, como leitura de um livro. Uma grande vantagem é que as mãos ficam livres para segurar ou manipular qualquer material.

Lupas manuais

Com a lente de aumento, permite que a pessoa segure o material impresso numa distância normal pois possui foco ajustável e iluminação própria.

Lupas de apoio

Ficam apoiadas sobre o objeto a ser enxergado e são utilizadas em conjunto com óculos de correção para perto. Algumas lupas têm fonte de iluminação própria.

Telelupas de foco ajustável ou foco fixo

São utilizadas para aumentar a imagem a distância. Elas podem ser seguradas com as mãos ou nos próprios óculos. São muito usadas para auxiliar as crianças a enxergar no quadro negro, por exemplo.

 

Confira nossa galeria com alguns exemplos de recursos ópticos:

 

Recursos Não Ópticos

São recursos simples, úteis, que transformam os materiais, melhorando a função visual sem auxílio de lentes. Modificações ambientais como condições de iluminação, reforço de contraste e tiposcópios. Existem ainda impressos, aparelhos e equipamentos dirigidos à pessoas com visão subnormal. A seguir, alguns exemplos:

– Livros, jornais e revistas com letras maiores

Ampliação de livros didáticos e pautas de caderno

– Teclados de telefone maiores

Iluminação adequada

– Luminárias portáteis

Tiposcópio

– Lâmina de acetato amarelo para leitura

– Uso de grafites mais fortes (lápis 6B) para aumento do contraste

 

Confira nossa galeria com alguns exemplos de recursos não ópticos:

 

Recursos eletrônicos

Os recursos eletrônicos tem grande poder de ampliação, sem distorções. Também permitem mudar cores e contrastes para atender as diversas necessidades dos pacientes.

Circuito fechado de televisão

Produz uma imagem aumentada na tela da televisão, com aumento de contraste regulável. Principal vantagem: mais fácil e menos cansativo de ser utilizado em relação aos outros aparelhos. O custo é maior se comparado aos outros aparelhos.

– Aparelhos que copiam página e lêem em voz alta

Aparelhos com voz mecanizada (relógios, computadores)

Vídeo ampliadores

 

Confira algumas opções de recursos eletrônicos:

 

Recursos de Informática

Funcionam mediante interfaces visuais, sonoras e táteis ou pela combinação entre elas. O principal dispositivo dessa categoria é o computador, bem como aplicativos e softwares dirigidos que permitem atender as necessidades de cada paciente no que se refere à ampliação, contraste, edição de texto e suporte sonoro.

Lupas eletrônicas/ digitais

Aplicativos que utilizam a câmera do smartphone e tablet para simular uma lupa eletrônica. Ao apontar para determinado objeto ou conteúdo impresso, permite ampliar ou reduzir a imagem captada no dispositivo.

Leitores de texto

Aplicativo para leitura sonora de textos compartilhados com os aplicativos. Permite controlar a velocidade da leitura.

Digitalizadores e programas OCR

Permite digitalizar textos e/ou converter os caracteres em texto editável e acessível por meio de programas de Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR).

Aplicativos utilizados pelos grupos para digitalizar conteúdos impressos (textos cartões, placas, etc) e torná-los acessíveis à leitores de tela ou texto.

Identificador de objetos e cores

Identifica objeto e/ou cores e/ou texto contidos em impressos, imagens e quadros. Por meio da câmera, o objeto ou conteúdo a ser identificado é processado e, caso encontrado no banco de dados do aplicativo, ele dará informações úteis sobre a imagem captada.

Visualização do teclado

Permite ampliar e/ou alterar o contraste do teclado maximizando o uso do resíduo visual para digitação.

Identificador de cédulas

Identifica e lê em voz alta o valor das cédulas de dinheiro.

Orientação e mobilidade relacionada ao transporte público

Fornece informações sobre o ponto de ônibus, itinerários e mostra em tempo real a localização do ônibus permitindo que a pessoa de baixa visão tenha uma previsão de horário que o ônibus chegará ao ponto, diminuindo as chances de embarcar em um ônibus errado por falta de acesso visual ao letreiro do itinerário.

 

Confira alguns exemplos de recursos de informática:

 

Sabemos que entre todos os sentidos, a visão responde por 80% das informações que recebemos e que levam à interação, assimilação e aprendizagem.

Como na criança o estímulo visual está intimamente ligado ao seu desenvolvimento neuropsicomotor, o diagnóstico e a intervenção precoce evitam déficits futuros, sobretudo na fase escolar.

A baixa visão na infância pode passar despercebida por pais e professores e às vezes até ser confundida com desatenção, preguiça ou algum tipo de deficiência. Na prática, a criança com baixa visão precisa de ajuda para assimilar e organizar as informações captadas pelos outros sentidos. Por isso, seguimos uma ordem acadêmica de estimulação visual precoce, habilitação visual e, por fim, a reabilitação visual.

A criança com baixa visão deve ser incentivada a usar o máximo possível a visão existente, por menor que ela seja, pois isso fará uma grande diferença em sua educação e em sua vida, devendo ser tomadas medidas urgentes para apoiá-las, pois sendo a visão o principal sentido para o conhecimento do ambiente, sua falta pode comprometer o desenvolvimento e a socialização da criança. Mesmo as perdas muito pequenas podem ser prejudiciais e provocar alterações no comportamento da criança, favorecendo seu isolamento, dificultando sua adaptação ao meio e convivência com as pessoas.” Mara de Campos Siaulys

Como os desafios e as dificuldades da criança com baixa visão mudam conforme a idade ou fase de desenvolvimento, o acompanhamento com médico especializado em baixa visão faz muita diferença.  Aliás, o papel do especialista em baixa visão vai muito além das receitas médicas, prescrição de óculos e de recursos de tecnologia assistiva. Ele deve apoiar e orientar a família com relação aos aspectos básicos e gerais da educação e da convivência com uma criança com dificuldades visuais. Esse esclarecimento ajuda a família a lidar com a situação e até mesmo com a criança. Quanto mais amparada, bem informada e reabilitada, melhor será o apoio da família ao aprendizado da criança e consequentemente a melhora da sua eficiência visual.

No passado as pessoas com baixa visão eram alfabetizadas pelo método Braille, porém desde 1981, muitas mudanças e atualizações foram estabelecidas pela OMS (Organização Mundial de Saúde). A primeira delas é a priorização da utilização da visão residual com o apoio e os recursos de tecnologia assistiva. (Vide Tratamento) A segunda é a atualização do conceito de visão subnormal que passa a ser diagnosticada após a avaliação clínica e avaliação funcional da criança.

Dirigida por uma equipe multidisciplinar especializada em deficiência visual, a avaliação funcional observa o desempenho visual da criança em todas as suas atividades diárias. Desde a maneira como ela se locomove no espaço, como ela brinca, se alimenta e até como ela usa a visão para realização de tarefas práticas ou escolares.  Essa avaliação será a base para uma programação de tratamento adequada à criança, conforme etapa do seu desenvolvimento.

O mais importante é valorizar a criança de forma completa, ajudando-a a se desenvolver de forma independente e com boa autoestima.

  • Siga as recomendações do oftalmologista quanto ao uso dos auxílios ópticos (óculos ou lentes especiais), e não ópticos (iluminação, contraste ou marcações táteis).
  • Não fique com dúvidas. Fale sempre sobre suas dificuldades com os profissionais que lhe assistem.
  • Aumente ou ajuste a iluminação, de acordo com a sua necessidade.
  • Elimine tapetes, pisos encerados e escorregadios.
  • Use cores contrastantes ou marcações táteis para identificar objetos ou alimentos.
  • Coloque marcas ou use interruptores contrastantes com a parede.
  • Pinte paredes com cores claras. Paredes escuras ou ofuscantes causam cansaço visual.
  • Faça marcas em indicadores de ligar e desligar, de temperatura, e para facilitar o uso de aparelhos elétricos.
  • Evite deixar objetos pelo chão.
  • Deixe as portas abertas ou fechadas. Portas entreabertas podem causar acidentes.
  • Mantenha os móveis e objetos em lugares constantes. Avise quando houver mudanças, evitando insegurança e desorientação.
  • Tenha boa iluminação sobretudo na mesa de refeições, local de estudo e leitura.
  • Organize os remédios em local de fácil acesso, pequenas maletas ou caixas com separações.
  • Use agulhas de fundo falso para costurar.